As previsões dos efeitos daquela que é chamada a quarta revolução industrial são visíveis todos os dias num mundo empresarial cada vez mais automatizado. Só a Foxconn, empresa fornecedora de material eléctrico para a Apple e Samsung, com sede em Taiwan, substituiu 60 mil funcionários por robôs no ano passado. E não são apenas as profissões mecanizadas que vão sofrer este embate. Grande parte dos administrativos em quase todos os sectores serão esvaziados de funções por sistemas informáticos cada vez mais aperfeiçoados.
Como vão viver estes desempregados? O mercado tem capacidade para os absorver? A que custo? Na Finlândia, o governo está a testar soluções sociais inovadoras para lidar com estes problemas: começou a atribuir a duas mil pessoas um rendimento básico mensal de 560 euros, com o qual espera estimular o trabalho. Será uma solução?
Estima-se que 65% das crianças que hoje entram nas escolas, provavelmente irão trabalhar em funções que atualmente não existem.
Todas as mudanças tecnológicas que já estão a ter impacto no trabalho, representam apenas um vislumbre do que iremos ter nos próximos 15 a 20 anos. Mas, especialistas esperam que o ritmo das mudanças comece a acelerar a partir de 2020.
Funções de escritório e administrativas, bem como de fabricação e de produção, vão sofrer fortes declínios, afetando mais de seis milhões de postos de trabalho ao longo dos próximos quatro anos. Por outro lado, funções na área comercial, financeira e computacional irão aumentar.
As novas tecnologias irão criar novas funções e permitir trabalhos remotos e espaços de co-working. Os avanços na tecnologia móvel e em nuvem que permitem o acesso remoto e instantâneo são apontados como o driver tecnológico mais importante dessa mudança, permitindo a rápida disseminação de modelos de serviços com base na Internet.
O nosso futuro local de trabalho pode não ser um escritório, mas áreas de trabalho interligadas e não vinculadas a um só lugar, mas a muitos lugares. Esses locais terão conferência virtual, conexão permanente e portabilidade.
“A Quarta Revolução Industrial” permitirá modelos de negócios disruptivos, que descentralizam as economias, enquanto iremos expandir para uma economia de partilha. Ativos de propriedade pessoal, como carros, vagas de garagem e quartos, irão diversificar as fontes de receitas das pessoas. Não é por acaso que ao longo de três anos, a Airbnb oferece mais acomodações do que algumas das maiores cadeias de hotéis.
Estes modelos de negócios disruptivos irão fundamentalmente remodelar a forma como fazemos negócios, tanto individualmente quanto para as empresas.
Essas mesmas tecnologias podem nos ajudar a encontrar soluções para alguns dos maiores desafios que atualmente enfrentamos, como as mudanças climáticas. Casas conectadas, fábricas e fazendas, que utilizam sistemas inteligentes de gestão de energia podem reduzir drasticamente o consumo de energia, o que contribuiria para a “descarbonização” das economias.
O que será absolutamente decisivo é como iremos preparar nossos filhos, nossos alunos e nossos colegas para que aproveitem o poder desta tecnologia para transformar o nosso mundo para melhor. Isso significa:
1- Garantir que as escolas preparem as crianças e os adolescentes para o futuro.
2- Dar incentivos para a aprendizagem contínua em sintonia com o ritmo do avanço tecnológico.
3- Reinventar o setor de RH, equipando-o para avaliar e preparar continuamente os funcionários.
4- Garantir que as gerações atuais e futuras não sejam deixadas para trás na corrida global das competências digitais.
Só assim conseguiremos revolucionar a forma como vivemos e trabalhamos de uma forma que evite as vicissitudes das revoluções industriais anteriores, e sim criando novas oportunidades económicas que não tínhamos imaginado antes.
Fontes...
https://fronteirasxxi.pt/trabalhodofuturo/
http://ofuturodascoisas.com/como-a-tecnologia-mudara-o-futuro-do-trabalho/